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Todo mundo tem uma história bonita para contar. Seja uma aventura, uma descoberta, um amor, uma saudade... Se não aconteceu de verdade, pode até ser inventada . O importante é contar com criatividade ou soltar a imaginação. Assim fazia o grande escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908- 1967). Ele foi médico, militar e diplomata. Morou no início dos anos 30 em Barbacena, era capitão médico do 9º Batalhão da Polícia e em Barbacena nasceu uma de suas filhas. Em 1956, lançou o livro “Grande Sertão: Veredas,” um marco na literatura brasileira e certamente na literatura mundial, ainda que suas traduções não consigam transmitir toda a intensidade de um texto que reinventa a própria língua portuguesa. Dentre vários personagens, Guimarães Rosa criou dois muitos especiais: Miguilim, um menino fictício cheio de realidade e Manuelzão, um homem real, pleno de ficção. O primeiro, menino travesso e inteligente, gostava de seus irmãos e com eles ia descobrindo os mistérios da vida. O personagem infantil aparece na novela Campo Geral, originalmente parte do livro Corpo de Baile, lançado em 1956. No texto, Rosa define o moleque: “Miguilim não tinha vontade de crescer, de ser pessoa grande, a conversa das pessoas grandes era sempre as mesmas coisas secas, com aquela necessidade de ser brutas, coisas assustadas.” Quanto ao segundo, Manuelzão era um vaqueiro sábio e grande contador de estórias. O personagem foi criado a partir das vivências de Manuel Alves Nardy (1904-1997). Foi este vaqueiro que ensinou as astúcias do sertão a João Rosa. Manuelzão acima de tudo era um grande contador de causos. Apareceu na novela Estória de Amor, também do livro Corpo de Baile.
Em 2006, criei para a Prefeitura local o material gráfico de um concurso sobre os dois personagens, grandes representações da infância e da velhice, ambos tempos de grande sagacidade e perspicácia. Duas coisas que a plenitude da vida adulta e “produtiva”nos rouba.
O desenho que fiz foi uma deliciosa volta às origens, quando, com papel, tesoura e cola eu me sentia bem mais equipado artisticamente. Coisa que Mac Pro, Photoshop, Illustrator e Cintiq, mesmo custando pequenas fortunas, não são capazes de proporcionar...
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